Zen Business: transformações estão em curso no mundo da gestão

Rafael
13/12/2021

A Nortus presenteou seus stakehoders (amigos, clientes, parceiros, fornecedores e sua própria equipe) com uma palestra sobre um modelo holístico de gestão que tem sua origem intelectual no leste da Ásia e que se apresenta como uma filosofia de gerenciamento e também um método: o Zen Business – tema de estudo do professor da EADA Business School, Dr. Josep Maria Coll. O encontro foi realizado no dia dois de dezembro, e contou também com uma dinâmica entre os participantes, que relacionaram os conteúdos compartilhados pelo professor com as práticas já existentes em suas organizações, e também com os desafios para implementação do modelo Zen Business em seus contextos.

Inspirada na filosofia oriental Zen (nome japonês da tradição Ch’an, que surgiu na China por volta do século VII e posteriormente migrou para o Japão, Vietnã e Coreia), essa metodologia busca o equilíbrio de cinco elementos essenciais de maneira a integrar o desenvolvimento da organização com o desenvolvimento harmônico da sociedade, economia e planeta. Sua base conceitual vem de duas teorias sistêmicas do taoísmo: 1) Yinyang e 2) o Wu Xing (Cinco Elementos).

“As perguntas nos tornam mais conscientes sobre nossas ações e isso tem um impacto poderoso”, observou o professor ao falar sobre o quanto o desenvolvimento pessoal presente na filosofia Zen contribui para o desenvolvimento sustentável.

O Dr. Josep M. Coll explicou que a filosofia secular oferece um caminho pragmático em direção à consciência, transformação e autoconhecimento baseado na conexão integral do indivíduo com a natureza. De maneira análoga, aplicado às organizações, o Zen Business compreende as empresas como sistemas orgânicos, ou seja, sistemas vivos que podem ser geridos mimeticamente aos processos naturais. Essa forma de gestão leva as organizações ao desenvolvimento de maneira harmônica, tanto interna como externamente.

O professor destacou que essa abordagem é bastante relevante para o contexto contemporâneo, uma vez que parte do setor econômico já tomou consciência de que vivemos na era do Antropoceno (era geológica marcada pelo impacto da humanidade sobre a Terra), e que, se seguirmos mantendo modelos empresariais focados no lucro exploratório, sem considerar impactos futuros, nos colocaremos em risco e teremos problemas ainda mais graves pela frente.

O contexto da pandemia Covid-19 fez com que milhares de pessoas deixassem seus trabalhos, e as estatísticas apontam para uma epidemia de desmotivação. Segundo Josep. M. Coll, ainda é cedo para saber o motivo, porém sabe-se que muitos passaram a refletir sobre qual é a sua melhor maneira de trabalhar e sobre a necessidade de mais harmonia, o que mostra uma mudança significativa nos valores dos colaboradores.

Ao perguntarmos: — Qual é a relação que tenho com essa empresa e qual é o impacto desta relação com meu sistema familiar, com a sociedade em que vivo e com o planeta? —, as pessoas começam a fazer escolhas mais conscientes, seja nas suas relações de trabalho ou de consumo. Da mesma forma, empresas que questionam qual é o papel de sua organização e fazem essa pergunta direcionando-a a um propósito maior passam a ser parte da solução para os problemas que a própria humanidade causou, explica o professor.

O modelo Zen Business se baseia no princípio de interdependência, no qual as empresas existem para solucionar problemas. Para isso, é necessário estruturar suas organizações considerando que o planeta não comporta mais modelos de gestão que considerem benefícios infinitos quando os recursos são finitos.

O mundo pede mudanças

As mudanças são perceptíveis no próprio mercado, que começa a solicitar às empresas regulações por ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa). Coll observa que muitas organizações ainda não têm consciência sobre o papel que desempenham na comunidade e terão mais dificuldade para se tornarem relevantes, competitivas e com rentabilidade neste contexto de mudança de valores. Coll alerta que este momento que estamos vivendo como humanidade requer dos líderes e empresários um desapego significativo em relação aos modelos de negócios atuais.

O mundo que vivemos, de mudanças tão velozes, requer apropriação do princípio da impermanência. Ele apoia a gestão das mudanças para este modelo, que se caracteriza por:

  • Ser um modelo orgânico de gestão sustentável ao mimetizar os ciclos de transformação biológica (biomodelo);
  • Possui técnicas de avaliação de impacto empresarial a partir do mindfulness empresarial (que consiste em colocar luz, tornar-se consciente sobre os impactos que a empresa gera);
  • Aplica a liderança por valores;
  • Integra as sabedorias universais/arte com a ciência da gestão;
  • Possui enfoque holístico para a mudança empresarial

A aplicação do Zen Business nas organizações mantém um ciclo em equilíbrio dinâmico de funcionamento sistêmico, interconectando cinco elementos que seguem um ciclo generativo e se auto-regulam e equilibram de maneira interdependente.

  • Propósito maior – Este elemento se concretiza nas lideranças humanas dentro das organizações;
  • Valor compartilhado – Esses valores são compartilhados com todos os stakeholders (clientes, colaboradores, investidores, parceiros, etc.), cocriando valor;
  • Marketing & inovação – O desenho, desenvolvimento e comercialização de produtos, serviços e soluções, as operações de fabricação, logística e suporte carregam estes valores naquilo que a organização entrega;
  • Finanças – A relação com o dinheiro e o modelo de renda trata o benefício como meio e a contabilidade é de triplo impacto.
  • Marca e Cultura Corporativa – Imagem da marca, reputação e cultura corporativa seguem uma governança pautada em uma organização que é líder pelo impacto conseguido. Possuem avaliação e comunicação de impacto.

O professor compartilhou também o case da empresa La Fageda, que aplicou com sucesso este modelo e que agora vive o desafio de crescimento e o tema de sucessão neste processo dinâmico de transformação contínua. A empresa fabrica iogurtes naturais e nasceu de um propósito maior, no início dos anos 1980, como um experimento piloto para tentar retirar os doentes mentais dos hospitais psiquiátricos e do estado de marginalização social que sofriam.

O Dr. Josep M. Coll afirma que as empresas que aplicam este modelo de gestão holística são altamente atrativas. O fato de estudantes de 25 a 30 anos, alunos de Josep, demonstrarem não querer integrar empresas que se baseiam nos modelos atuais é algo iluminador. Ele também incluiu que não existe apenas uma única maneira de fazer a transformação, e que, hoje, outros movimentos e iniciativas estão dando a sua contribuição, como, por exemplo, diversas certificações e o movimento Capitalismo Consciente.

“Estamos vivendo um período de mudança de paradigma, e é muito fácil cair na tentação de culpar as leis, os políticos, e dizer que eles não favorecem este modelo. É hora de nos colocarmos como agentes de mudanças do sistema ao qual pertencemos”, finalizou o professor.

O evento com os stakeholders é um momento importante para a Nortus e será realizado anualmente.

“Nós temos um carinho muito grande com todas as pessoas que interagem conosco. Antes de serem nossos clientes, parceiros e fornecedores, são seres humanos com os quais compartilhamos mutuamente, não só relações profissionais, mas um pouco das nossas vidas. Que preço isso tem? Não pode ser medido em valor monetário. Diante deste sentimento que nos é real, pensamos em ter um evento anual com estes amigos, nossos stakeholders, que não tivesse nenhum outro impedimento que não fosse suas próprias escolhas e agendas para estarem conosco ou não. O objetivo é estarmos juntos. Compartilharmos momentos de nossas vidas. Refletirmos sobre temas incomuns. Tecermos, juntos, uma maior consciência sobre a importância do papel empresarial na sociedade, humanidade e no planeta”, compartilha a sócia-fundadora da Nortus, Mirian Machado Coden.

Reunidos no momento de reflexão, a equipe da Nortus identificou que possui bastante elementos do Zen. “São princípios que primam pela vida, pelos seres vivos e pela harmonia dinâmica dos sistemas em auto-organização. Enxerguei muito dos conceitos do Zen Business no que fazemos e na forma como fazemos as coisas no dia a dia. São metodologias distintas – a da Nortus e Zen Business – mas com muitas similaridades na forma de respeitar a vida, as pessoas e todo metassistema Terra. A essência do Zen é a essência da vida em harmonia dinâmica, e isto, quando compreendido e bem traduzido para os diferentes contextos humanos, pode ser vivido com naturalidade, e quando há este tipo de consciência, os resultados também acontecem com maior naturalidade. Zen Business é um tema que convida a uma mudança profunda de paradigma que envolve grande parte do contexto corporativo, e convida a uma reflexão sistêmica sobre a forma de liderar e de fazer gestão. É muito sério o que estamos vivendo enquanto humanidade. Um limiar onde nossa inteligência e tecnologia podem definir um futuro que será um bom lugar para estarmos ou um lugar de ainda mais e maiores dificuldades. Refletir com o Zen, no Business, nos trouxe mais uma possibilidade de modelo que as organizações conscientes podem usufruir”, inclui a sócia-fundadora da Nortus.


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